terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

Largo do Rócio

Largo do Rócio

Rocio gotículas de água que se formam à superfície dos corpos por condensação do vapor de água ambiente são gotículas que se depositam durante a noite sobre qualquer superfície fria uma chuva fina.                                                                    Um evento histórico no Largo do Rócio, atual Praça Tiradentes, serviu de pretexto para a produção de um documento iconográfico acerca da história da Praça, e situação daquele Largo em 1821. Se tratava da "Aceitação Provisória da Constituição de Lisboa". Evento Histórico no Largo do Rócio. Aceitação Provisória da Constituição de Lisboa O desenho que Debret fez do Largo do Paço, atual Praça Tiradentes, mostrado no topo da página, representa o Largo num dia em que D.João VI e D.Pedro I que seria seu sucessor, apareceram no terraço do Teatro da Corte, para dar o aceite solene da constituição provisória de Lisboa. Este teatro, na época o maior do Rio de Janeiro, ficava exatamente onde foi construído o atual Teatro João Caetano, após a demolição do antigo Teatro da Corte.
Veja com mais detalhes e legendas a gravura de Debret sobre o Largo do Rócio em 1821, atual Praça Tiradentes. Mais abaixo, está o texto de Debret, relatando o fato ocorrido. Em alguns textos, não somente neste texto, mas em outros, pode-se notar que, infelismente Debret tende a relatar a figura de D.João VI e alguns fatos relativos ao Brasil, sempre com um certo esnobismo ou com desapontamento. A visão de Debret certamente não corresponde à uma visão de quem veja as coisas por um lado mais realista e prático, e sem tantas expectativas fantasiosas que levariam personagens históricos a se assemelharem à semi-deuses, para contar com a simpatia do grande artista, pintor e escritor. Eis o texto que se segue:"Além de não ter sabido prever nem dominar, a revolução que rebentou em Lisboa, deixaram igualmente os ministros de D. João VI que ela invadisse, e quase com a rapidez do relâmpago, todas as províncias do Brasil, onde alguns patriotas esclarecidos já vinham organizando uma revolução cujos objetivos e princípios a maioria da nação brasileira ignorava.                               
 Esse era o estado de espírito do país quando, em princípios de 1821, os emissários de Portugal vieram perturbar a tranquilidade do governo do Rio de Janeiro, exigindo do Rei a aceitação antecipada da constituição prometida pelas Cortes de Lisboa. Em tais circunstâncias, não menos humilhantes para o soberano do que para a nação brasileira, o Rei concedeu tudo e, para acalmar os espíritos, anunciou o seu regresso para Portugal, juntamente com a nomeação de seu filho D. Pedro para Vice-Rei e Regente do Brasil. Mas, tímido como de costume, valeu-se o monarca da nova responsabilidade que pesava sobre seu filho para encarregá-lo de ir oficialmente, em seu lugar, ao Rio de Janeiro proclamar sua adesão provisória à Constituição portuguesa.Viu-se portanto, no dia seguinte, ali pelas nove horas da manhã, chegar ao Rio de Janeiro o jovem príncipe D. Pedro, acompanhado simplesmente de algumas pessoas; sobe ele e aparece ao terraço da fachada do Teatro Real onde, assistido pelo presidente do Senado da Câmara Municipal, e por algumas outras autoridades, jura publicamente, pelos Santos Evangelhos, obedecer à Constituição portuguesa "tal como fosse sancionada pelas cortes de Lisboa". Finda a formalidade, monta o príncipe a cavalo e regressa a São Cristóvão. Em virtude de uma exagerada desconfiança, e para garantir a tranquilidade durante essa solene notícia, espalhara-se a força armada pelo largo do Rocio, cujas saídas estavam defendidas pela artilharia. Como esse juramento ilusório, prestado a uma obra incerta, só podia interessar nessa época as autoridades e os cortesões portugueses, únicos ameaçados nas suas prerrogativas feudais, as precauções tomadas pareceram ridículas, tanto mais quanto a cerimónia atraíra apenas alguns curiosos.O Rei, mais ou menos tranquilizado pelo regresso de D. Pedro, que lhe comunicara as disposições pacíficas do povo, resolveu ir ao Rio afim de ratificar publicamente o juramento de seu filho.Para aí se dirigiu, com efeito, lá pela uma hora da tarde, não hesitando em mostrar-se em sua sege descoberta; sua filha sentara-sé junto dele (a jovem viúva), e na frente o príncipe D. Miguel, de pé, com a mão apoiada na capota descida da carruagem, olhava fixamente os curiosos parados à sua passagem. Comovido, mantinha o Rei uma atitude de imperturbável seriedade e a jovem viúva mostrava dignidade e resolução; quanto a D. Pedro, que, a cavalo e cercado de seu estado maior, precedia a carruagem real, lia-se em seu olhar cheio de entusiasmo e de franqueza a dedicação e a boa fé que pusera nesse primeiro juramento cujas consequências sua jovem inexperiência não percebia.Chegados ao palácio, o Rei apareceu pela primeira vez à janela do lado da praça, e, apontando para D. Pedro colocado na segunda janela, disse em voz alta que "ratificava tudo o que dissera seu filho"; e retirou-se em seguida. Minutos depois o cortejo real punha-se novamente em marcha para regressar a São Cristóvão. Essa tímida imitação da cena da manhã não atraiu tão pouco muitos espectadores; foi a última vez que o Rei apareceu em público, terminando assim, por uma fraqueza sua, a estadia no Rio de Janeiro, que outra fraqueza o levara o Rei à preferir o Rio de Janeiro ao invés da Baía, por causa da segurança do porto."  

Nenhum comentário:

Postar um comentário